Projeto de pesquisa em História analisa as tecnologias militares
Os esforços se concentraram no século 19 com destaque para a “Guerra do Paraguai”
Conflito matou cerca de 100.000 militares e dizimou pelo menos 250.000 civis [foto: reprodução]
Por que a Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai (1864-1870) é conhecida como a “Guerra do Paraguai”? Em suas aulas de História no Ensino Médio Integrado no Campus Votuporanga, o professor Leandro José Clemente Gonçalves ensina que, por décadas, o conflito ocorrido entre Paraguai, Brasil, Argentina e Uruguai foi abordado como um fato histórico decorrente dos interesses ingleses. Atualmente, a historiografia trabalha com a tese de que, na verdade, foi fruto das contradições entre os próprios países da Bacia Platina durante seus processo de consolidação como Estados Nacionais.
A guerra em questão atravessa a trajetória de pesquisa do professor do IFSP desde o mestrado e, durante o ano letivo de 2024, teve apoio do estudante Renan Freire Pereira, que atuou como pesquisador voluntário no projeto de pesquisa “A Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870) e o Emprego de Novas Tecnologias Militares”, desenvolvido via Programa Institucional de Voluntariado em Iniciação Científica e Tecnológica (PIVICT).
O resultado dos estudos foi apresentado no 15º Congresso de Inovação, Ciência e Tecnologia do IFSP, o Conict, realizado em novembro de 2024 no Campus Barretos, sob o título “As diferentes interpretações a respeito da Guerra do Paraguai”. Na historiografia paraguaia, o conflito é conhecido como Guerra Guaçu, equivalente a “Grande Guerra”. Durou 6 anos e mobilizou cerca de 300.000 soldados, considerando todos os exércitos envolvidos.
“Só elogios ao Renan, pois leu e resumiu mais bibliografia e material do que o proposto inicialmente” (professor Leandro Clemente)
O professor Leandro Clemente e o estudante Renan Pereira na Biblioteca do Campus Votuporanga [Fotografia: arquivo do IFSP]
Foi Renan quem procurou o professor Leandro Clemente, pedindo indicações de leituras sobre História Militar, o que motivou o projeto de pesquisa voluntário. “Foi uma ótima experiência. O contato com o texto acadêmico, com a complexidade da análise das fontes”, diz. A pesquisa utilizou como base a vertente historiográfica conhecida como Nova História. “Busquei superar o nacionalismo propagandista e a falta de análise sólida das fontes, que foram 2 características das vertentes que a antecederam”, explica.
Natural de Riolândia-SP, o estudante do 3º ano do curso Técnico em Informática começou sua trajetória como pesquisador em História em sua cidade natal, na Escola Municipal Profª Maria Aparecida dos Santos Franco, ainda no Ensino Fundamental, quando consultou 200 edições do jornal Estado de São Paulo e entrevistou 40 pessoas sobre a produção de algodão no noroeste paulista. A dupla de pesquisadores também explica que a região, durante a Guerra da Tríplice Aliança, era formada por vilarejos, com destaque para São José do Rio Preto-SP e Tanabi-SP.
Apoiador do talento do estudante Renan Pereira, o professor Leandro Clemente tem mais de 15 anos de experiência em pesquisa sobre História Militar e, recentemente, publicou 3 capítulos de livros: “Memorialistas da Guerra da Tríplice Aliança”, pela editora da UFRJ, na obra Dicionário de História Militar do Brasil, 1822-2022, tendo colaborado com 4 verbetes; “O Exército Brasileiro na Guerra Contra o Paraguai”, pela editora Faperj, na obra Exército Brasileiro: Perspectivas Interdisciplinares; “Guerras Convencionais e Revoluções Militares: o Futuro da Guerra”, explorando as Relações Internacionais em estudos prospectivos, na obra Entre as Assombrações do Passado e as Sementes do Futuro: Notas sobre a Defesa do Sul Global.
Mapa do terrítório paraguaio [imagem: BBC Brasil]
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