Pesquisa de estudante de Engenharia Civil mapeia a geodiversidade na região noroeste paulista
Os resultados da pesquisa serão utilizados pelo poder público e pelo setor privado para planejar ações de conservação e de desenvolvimento sustentável
Luiz Guilherme Alves Corrêia Orsi, o professor Carlos Eduardo Maia de Oliveira e Victória Pupim Luchetta na Cachoeira do Talhadão, afloramento de basalto localizado na cidade de Palestina-SP
[foto: arquivo pessoal/professor Carlos Eduardo]
O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) intitulado "Inventário da Geodiversidade Regional", de autoria da estudante Victória Pupim Luchetta, do 5º ano do curso de Bacharelado em Engenharia Civil, tem como objetivo principal mapear as mais importantes estruturas geológicas da região noroeste do Estado de São Paulo, em um raio de 150 km a partir do município de Fernandópolis-SP. Um dos objetivos específicos é analisar e determinar as características ambientais, o grau de preservação e grau de risco das feições geológicas.
A pesquisa é orientada pelo professor Carlos Eduardo Maia de Oliveira, doutor em Geologia Regional, e co-orientada por Celso Aluisio Graminha, geólogo e analista técnico científico do Ministério Público do Estado de São Paulo. Em conjunto com a estudante, os profissionais discutiram e definiram os objetivos e, embora o cronograma tenha sido afetado pela crise sanitária, os resultados parciais apontam potencialidades para o Ecoturismo Regional.
“Está sendo incrível fazer parte desse trabalho, onde posso aprender mais sobre a nossa geodiversidade regional e os elementos que fazem parte dela, descobrindo a fundo a enorme relação da Geologia com a construção civil, juntamente com as lindas paisagens existentes em nossa região que, infelizmente, são pouco conhecidas”, analisa a estudante Victória Luchetta.
Victória analisando um afloramento de arenito, que contém fósseis de crocodilos pré-históricos de 80 milhões de anos atrás, em Fernandópolis-SP
[foto: arquivo pessoal/estudante Victória Luchetta]
No trabalho de campo, a graduanda pôde verificar o impacto das obras de construção civil em estruturas geológicas da região, como é o caso das rodovias.
Afloramento de arenito na rodovia Eliezer Montenegro Magalhães (SP-463), trecho de General Salgado-SP
[foto: arquivo pessoal/professor Carlos Eduardo]
O estudante Luiz Guilherme Alves Corrêia Orsi, do curso de Engenharia Civil, também está colaborando com a pesquisa ao auxiliar no processo de mapeamento das estruturas geológicas da região. “Está sendo uma experiência muito interessante conhecer mais sobre essas belezas naturais da nossa região, além de me fazer entender o quanto as obras de Engenharia Civil podem impactar o meio ambiente”, conta o graduando que também é orientando do professor Carlos Eduardo de Oliveira no TCC intitulado "Estudo de Caso: Mineração Noroeste Paulista – Monções – SP".
Victória e Luiz em afloramento em Auriflama-SP, onde já foram encontrados ossos de dinossauros e crocodilos pré-históricos
[foto: arquivo pessoal/professor Carlos Eduardo]
Parceria com o Ministério Público Estadual. Com a finalidade de promover ações de Geoconservação dos sítios de interesse geológico na região Oeste Paulista, Celso Aluisio Graminha procurou o professor Carlos Eduardo de Oliveira para estabelecer parceria com o IFSP.
“O objetivo desta parceria é, em um primeiro momento, contar com o esforço local para inventariar estruturas geológicas e planejar ações de conservação e de desenvolvimento sustentável do amplo patrimônio natural existente na região, que carece de iniciativas para promover o seu uso coletivo em programas de educação ambiental e Ecoturismo, por exemplo. O rico patrimônio natural da região possui sítios paleontológicos, cachoeiras, minas antigas, dentre outros, que precisam ser catalogados”, destaca Graminha.
Resultados alcançados até aqui. Analisando o resultados parciais da pesquisa, o professor Carlos Eduardo de Oliveira, conhecido como Cadu no Câmpus Votuporanga, conta que várias estruturas geológicas da região já foram mapeadas, como afloramentos rochosos com ou sem fósseis, e diversas cachoeiras presentes na região, algumas das quais desconhecidas do público, como a de Jandaia, localizada na divisa dos municípios de Indiaporã-SP e Ouroeste-SP. "Esse local é um sítio arqueológico catalogado pelo IPHAN. Já foram descobertos ossos de índios de 3 mil, 4 mil e 9 mil anos de idade", explica o docente.
Cachoeira da Jandaia, na divisa de Indiaporã-SP e Ouroeste-SP, no ribeirão Formoso que logo adiante deságua no rio Grande
[foto: arquivo pessoal/professor Carlos Eduardo]
“Essas estruturas geológicas, em especial os afloramentos com fósseis, as cachoeiras e as corredeiras de nossos rios, formam belezas naturais que encantam as pessoas. Muitas, inclusive, são desconhecidas da população regional. Além disso, nesse trabalho desenvolvido pela Victória, foram levantadas informações valiosíssimas para as pesquisas nas áreas de Geociências e da Construção Civil, para instituições públicas e privadas que pretendam investir no Ecoturismo Regional e para professores no planejamento de saídas de campo com os seus alunos”, contextualiza o professor Cadu, que ministra a disciplina de Geologia no curso de Engenharia Civil.
Ainda segundo Cadu, a grande finalidade é, ao realizar o inventário da geodiversidade regional, disponibilizá-lo não somente para o Ministério Público, mas também para pesquisadores, para pessoas, empresas e prefeituras interessadas em fomentar o Ecoturismo Regional, além de professores de Geologia, Geografia, Ciências, Biologia e outras disciplinas para auxiliar o planejamento de saídas de campo com os estudantes, visando a trabalhar temas como Educação Ambiental e Geologia.
Indiaporã-SP. Em agosto, o professor Cadu, Victória Luchetta e Luiz Orsi foram rececebidos pela prefeitura de Indiaporã-SP, que ficou sabendo do trabalho em desenvolvimento. "Um morador local nos serviu de guia para pesquisarmos algumas cachoeiras naquela região e a prefeitura tem interesse em incentivar o ecoturismo", revela Cadu.
Recepção da Prefeitura Municipal de Indiaporã-SP no dia 06/08/2020 [foto: Facebook/perfil oficial da prefeitura]
Cachoeira do ribeirão Água Vermelha, em Indiaporã-SP [foto: arquivo pessoal/professor Carlos Eduardo]
Disjunções colunares às margens da Cachoeira da Jandaia, divisa de Indiaporã-SP e Ouroeste-SP [foto: arquivo pessoal/professor Carlos Eduardo]
As atividades da pesquisa tiveram início em fevereiro de 2020 e estão previstas para serem concluídas até meados de dezembro. O trabalho será apresentado em uma banca examinadora de forma remota.
Em 2019, o curso de Engenharia Civil do Câmpus Votuporanga foi reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC) com nota máxima.
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